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COMO CRIMINOSOS USAM INFORMAÇÕES PESSOAIS PARA APLICAR GOLPES

Nos últimos meses, o aumento expressivo de golpes virtuais em moradores de áreas nobres de Brasília, onde vivem figuras influentes como políticos e funcionários de alto escalão, tem chamado a atenção das autoridades. Muitos desses casos compartilham um padrão preocupante: as vítimas relatam que os criminosos parecem ter acesso a detalhes íntimos de suas vidas, o que facilita o convencimento e a execução dos crimes.

Esses golpes, que muitas vezes ocorrem por meio de aplicativos de mensagens, como o WhatsApp, têm se tornado cada vez mais sofisticados. Um dos esquemas mais comuns envolve o uso indevido de perfis falsos de parentes próximos, como filhos e netos, solicitando transferências via Pix. As vítimas, geralmente idosos, ficam surpresas com a quantidade de informações que os criminosos parecem ter sobre seus familiares, incluindo fotos pessoais e dados financeiros.

A origem dessa facilidade de acesso está relacionada ao uso de “painéis de dados”, plataformas ilegais que vendem informações sensíveis sobre as vítimas, como CPF, registros de veículos, celulares, endereços, declarações de imposto de renda e até dados sobre armamentos. Em alguns casos, esses painéis chegam a oferecer acesso a câmeras de segurança que possibilitam a leitura de placas de veículos em diversas regiões do país. Tudo isso é comercializado por valores que variam entre R$ 150 e R$ 350, dependendo do tempo de assinatura.

As investigações apontam que os criminosos utilizam essas informações para criar um senso de credibilidade durante a abordagem, aumentando a eficácia dos golpes. Ao acessarem dados detalhados da vida pessoal das vítimas, os golpistas conseguem manipular e enganar com mais facilidade, tornando suas ações quase infalíveis.

A venda de dados em massa por meio desses painéis demonstra a gravidade da falta de segurança em relação ao tratamento de informações pessoais. Esse cenário ressalta a importância de um maior controle sobre o acesso e compartilhamento de dados, além de alertar para a necessidade de fortalecer as políticas de proteção de informações, tanto pelas autoridades quanto pelos próprios cidadãos.

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INVASÃO NA LIVE NATION: INFORMAÇÕES DE CLIENTES TICKETMASTER COMPROMETIDAS EM ATAQUE

Na última sexta-feira (31), a Live Nation Entertainment, controladora da Ticketmaster, líder global no setor de emissão de ingressos, confirmou que sua plataforma sofreu uma invasão cibernética. A empresa está investigando a extensão do incidente.

O ataque potencialmente comprometeu dados sensíveis de 560 milhões de clientes. Segundo a agência Reuters, essas informações estão sendo vendidas por US$ 500 milhões, equivalente a aproximadamente R$ 2,6 bilhões.

Em uma declaração à Comissão de Valores Mobiliários dos EUA, a Live Nation revelou ter detectado uma “atividade não autorizada em um ambiente de banco de dados em nuvem de terceiros”.

A confirmação veio após o grupo de hackers ShinyHunters reivindicar, no dia 20 de maio, a autoria do ataque que resultou no roubo de dados de mais de 500 milhões de clientes.

De acordo com os hackers, os dados roubados incluem nomes, endereços, contatos telefônicos e partes de números de cartões de crédito dos clientes da Ticketmaster.

No entanto, a Live Nation não mencionou o grupo em seu comunicado e afirmou ser “improvável” que o incidente tenha repercussões materiais significativas.

“A violação não teve, e é improvável que tenha, um impacto material nos negócios ou nas finanças da Live Nation. Continuamos avaliando os riscos e nossos esforços de remediação continuam”, declarou a empresa.

No Brasil, o Procon-SP notificou a empresa para investigar possíveis impactos sobre consumidores brasileiros. O órgão solicitou informações sobre como os dados dos consumidores são coletados e armazenados nos servidores.

Esse vazamento ocorre em um momento delicado para a Live Nation, que enfrenta acusações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos de operar um monopólio que sufoca a concorrência no mercado de venda de ingressos e promoção de shows.

A ação antitruste busca a divisão da empresa, alegando que a controladora exerce uma influência desproporcional sobre a maioria dos locais de shows ao vivo nos Estados Unidos, utilizando “conduta excludente” para manter seu domínio.

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COMO A VENDA DE INFORMAÇÕES SENSÍVEIS AFETA OS CONSUMIDORES

A prática de vender dados sensíveis de consumidores para multinacionais de pesquisa de mercado tem gerado crescente preocupação entre especialistas em direitos do consumidor, especialmente no contexto da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no Brasil. Empresas estão utilizando o CPF dos consumidores para obter informações detalhadas sobre suas prescrições médicas, que são depois repassadas para empresas privadas, possibilitando que estas tenham acesso a dados como o tipo de medicamento, classe terapêutica, dosagem, e muito mais.

Esse conjunto de informações é transformado em relatórios que ajudam as indústrias farmacêuticas a otimizar suas estratégias de vendas, marketing, e até mesmo identificar oportunidades para novos lançamentos de produtos. Ao fornecer o CPF nas farmácias para obter descontos, os consumidores, muitas vezes sem saber, estão contribuindo para a criação de um histórico de compras que é vendido para empresas de pesquisa de mercado.

Atualmente, algumas redes privadas possuem dados de milhões de brasileiros, uma quantidade significativamente maior do que a de programas governamentais. Isso ocorre porque os dados pessoais, especialmente os sensíveis, são extremamente valiosos para as empresas. Esses dados permitem a criação de propagandas direcionadas e outras estratégias de marketing altamente eficazes.

A LGPD exige que as empresas sejam transparentes sobre suas políticas de compartilhamento de dados, mas a realidade é que nem todas seguem essas diretrizes de forma adequada. Farmácias e outras empresas devem informar claramente como os dados dos consumidores serão usados e garantir que o consentimento seja obtido de forma explícita.

Uma questão comum é se os consumidores perdem os descontos se não fornecerem o CPF. A resposta é não. As farmácias podem e devem conceder o desconto mesmo que o cliente se recuse a fornecer seus dados pessoais. Se a farmácia negar o desconto sem o CPF, o consumidor tem o direito de denunciar ao Procon. É aconselhável sempre perguntar o preço do produto com e sem o desconto antes de fornecer qualquer informação pessoal.

Para aqueles preocupados com o uso indevido de seus dados, é possível consultar algumas das principais redes de farmácias para verificar quais informações elas possuem. Essa prática de solicitar o CPF para descontos pode ser considerada abusiva sob a LGPD, que exige consentimento explícito e transparência no compartilhamento de informações pessoais.

A Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) tem monitorado essas práticas desde 2020, e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) alerta para os riscos associados ao vazamento e uso indevido desses dados. O desconto em medicamentos não deve comprometer a liberdade do consumidor de decidir sobre o compartilhamento de suas informações.

Ademais, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabelece que farmácias e drogarias não devem ultrapassar o preço máximo permitido pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED), cujo preço máximo pode ser verificado no site da Anvisa. É fundamental que os consumidores estejam cientes de seus direitos e das práticas de proteção de dados para tomar decisões informadas sobre o compartilhamento de suas informações pessoais.

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O PAPEL DA LGPD NA INDÚSTRIA FARMACÊUTICA

A recente reportagem veiculada pelo Jornal CBN Vale 1ª Edição trouxe à tona uma questão que há tempos inquieta especialistas em direitos do consumidor: a venda de dados sensíveis de clientes por empresas, com base no CPF dos consumidores, para multinacionais de pesquisa de mercado. Esse cenário levanta preocupações especialmente em relação à Lei Geral de Proteção de Dados, a LGPD (Lei 13.709/2018), que busca resguardar a privacidade e a segurança das informações pessoais dos cidadãos brasileiros.

De acordo com a investigação realizada pela equipe da CBN Vale, empresas têm comercializado informações detalhadas sobre prescrições médicas, como tipo de medicamento, dosagem, posologia, entre outros dados, para indústrias farmacêuticas. Essas informações são utilizadas pelas empresas compradoras para aprimorar suas estratégias de vendas, marketing, treinamento e até mesmo para identificar oportunidades de lançamento de novos produtos.

É importante entender por que os dados pessoais dos clientes são tão valorizados por essas empresas. Ao solicitar o CPF dos consumidores no momento da compra, as farmácias constroem um histórico de compras dos clientes, que é posteriormente vendido para empresas de pesquisa de mercado. Isso permite que essas empresas conheçam melhor os hábitos de consumo e as preferências dos clientes, possibilitando campanhas publicitárias direcionadas e mais eficazes.

Entretanto, é fundamental que os estabelecimentos comerciais ajam de forma transparente e em conformidade com a LGPD ao compartilhar dados pessoais dos consumidores. A legislação exige que o compartilhamento de informações seja feito de maneira clara e que o consentimento do consumidor seja obtido de forma explícita.

A prática comum de solicitar o CPF dos clientes para oferecer descontos pode ser considerada abusiva de acordo com a LGPD. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) alerta para os riscos de vazamento e compartilhamento indevido de dados pessoais, ressaltando que o desconto em medicamentos não deve comprometer a liberdade do consumidor de decidir sobre o compartilhamento de suas informações.

Diante desse cenário, cabe às autoridades competentes, como a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), garantir que as práticas das empresas estejam em conformidade com a legislação vigente, protegendo assim os direitos e a privacidade dos consumidores brasileiros.