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DECISÃO DO STJ REFORÇA DEVER DE SEGURANÇA DAS EMPRESAS NA ERA DA LGPD

A decisão unânime de uma das turmas do Superior Tribunal de Justiça reforçou a responsabilidade de empresas pelo vazamento de dados pessoais, mesmo em situações decorrentes de ataques cibernéticos. A controvérsia analisada envolvia o vazamento de informações pessoais não sensíveis de clientes, resultante de uma invasão ao sistema de uma concessionária de serviços públicos.

O julgamento abordou questões fundamentais da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em especial sobre o dever das empresas em proteger informações de seus clientes. Os ministros debateram se o vazamento decorrente de um ato ilícito de terceiros poderia excluir a responsabilidade do agente de tratamento ou se ainda assim este deveria responder por falhas em medidas preventivas.

Segurança como obrigação legal

A análise do caso destacou a relevância de um novo marco jurídico, que ampliou a proteção dos direitos da personalidade no Brasil. No entendimento da Corte, as empresas que tratam dados pessoais têm a obrigação de adotar medidas rigorosas para garantir a segurança das informações sob sua guarda.

Além disso, a decisão sublinhou que os sistemas de tratamento de dados devem atender a padrões de segurança, governança e conformidade alinhados aos princípios e requisitos previstos pela LGPD. Nesse contexto, o cumprimento dessas normas não é apenas uma questão de prevenção, mas também de demonstração de compromisso com os direitos dos titulares de dados.

Irregularidades no tratamento de dados

O caso analisado revelou que o nível de proteção oferecido pela empresa em questão não alcançou os padrões que poderiam ser legitimamente esperados, considerando as circunstâncias. A ausência de medidas eficazes foi determinante para caracterizar o tratamento de dados como irregular, mesmo diante da alegação de que a invasão havia sido promovida por terceiros.

Com isso, o tribunal confirmou que o mero fato de a violação ter origem em atividade ilícita externa não isenta o agente de tratamento de dados de sua responsabilidade, nos termos da legislação vigente.

A decisão reafirma a necessidade de investimento contínuo em programas de segurança e proteção de dados, evidenciando que o compliance em privacidade é elemento essencial para a atuação empresarial no cenário atual.

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DESAFIOS E OPORTUNIDADES NA TRIBUTAÇÃO DE SERVIÇOS DIGITAIS

O crescimento da economia digital trouxe novos desafios para governos e empresas em todo o mundo, especialmente no que diz respeito à tributação. Plataformas digitais, marketplaces e transações eletrônicas estão transformando a forma como produtos e serviços são oferecidos, mas também exigem que as legislações tributárias evoluam para acompanhar esse novo contexto.

Um dos principais desafios é equilibrar a tributação sem sufocar a inovação. Muitas empresas de tecnologia, especialmente startups, operam com modelos de negócios dinâmicos e que demandam flexibilidade. Uma tributação desproporcional ou confusa pode se tornar um obstáculo para o desenvolvimento dessas empresas, afetando diretamente o crescimento econômico e a geração de empregos. Ao mesmo tempo, é essencial evitar brechas que permitam práticas tributárias inadequadas, especialmente em operações internacionais, onde a definição de jurisdição pode ser nebulosa.

Outro ponto importante é a equidade. Pequenos negócios que operam digitalmente enfrentam uma carga tributária que, muitas vezes, parece desproporcional quando comparada a grandes corporações globais. Nesse sentido, a regulamentação pode ser uma ferramenta para corrigir desigualdades, mas precisa ser construída com participação ampla e transparência para refletir as reais necessidades do mercado e da sociedade.

Ao lado dos desafios, também existem oportunidades. A digitalização oferece recursos poderosos para simplificar processos tributários. Ferramentas de inteligência artificial e blockchain, por exemplo, podem facilitar a rastreabilidade de transações e a conformidade fiscal, reduzindo custos e aumentando a eficiência tanto para empresas quanto para governos. Além disso, tributações bem desenhadas podem fomentar investimentos em inovação e em mercados digitais emergentes.

A regulamentação de serviços digitais é mais do que um debate técnico; é um tema que impacta o cotidiano de milhões de pessoas, da dona de casa que compra online ao pequeno empreendedor que vende em plataformas virtuais. Avançar nesse tema exige não apenas leis claras, mas também diálogo e compromisso com o desenvolvimento sustentável de uma economia cada vez mais conectada.